English | Español | Português | Italiano | Français | Deutsch | Nederlands | August 15, 2018 | Issue #34 | ||
“O único controle que pode ser exercido é pelo leitor”Uma carta de Campinas, BrasilPor Daniel Fleming
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Daniel Fleming |
A lei 1008 que estipula a legislação a respeito da plantação de coca e a proposta de erradicação total ferem gravemente a carga cultural de descendentes indígenas que ainda bradam com orgulho a língua nativa. O quéchua é mostrado com brio por Cochabambinos que ainda mantêm acesa a tradição de seus antecedentes.
Um dia antes da Escola de Jornalismo Autêntico ser iniciada, visitamos a casa de alguns campesinos, no bairro Cercado. A jornalista autêntica Amber Howard conheceu três irmãs na Federação dos Trabalhadores, no centro de Cochabamba, que fica em um prédio, ao lado da praça central. No outro dia, Nicolau dos Santos, Carla Aguilar, Amber Howard, Elizabeth Flores, Benjamim Melançon e eu visitamos a casa de Francisco Ramirez Sotelo, um descendente de índios.
A casa, onde mora com suas 5 filhas e esposa, fica atrás de sua oficina mecânica. Lá ele cria porcos, galinhas, um bode de extimação e outros animais. Em um pequeno açude cria peixes e dois filhotes de jacaré. A plantação de hortaliças domina quase todo o terreno.
A família persiste com as tradições campesinas. A casa-fazenda é cercada por arame farpado, em meio a outras casas completamente fechadas por muros. Sotelo grafitou quase todos os muros que os separavam da casa ao lado com mensagens revolucionárias, em um deles era ostentado o nome do índio insurgente Tupaj Katari.
Suas filhas estudam. Duas são Universitárias, Sigrit e Santina, cursam direito na Universidade Maior de San Simon. Porém, não pretendem perder os costumes indígenas, pretendem continuar vivendo com a resistência transmitida pelo pai.
A luta diária dessas pessoas, que resistem duramente às imposições externas com interesses econômicos, deve ser relatada por um ângulo diferente aos usados pelos meios comerciais.
No Brasil as grandes empresas jornalísticas têm um déficit gigantesco de informações a respeito dos acontecimentos em seus países vizinhos, principalmente um tão pobre quanto à Bolívia. A maioria das publicações brasileiras apenas repete o discurso de agências internacionais, sediadas em países com interesses nos fartos recursos naturais das regiões Andina e Amazônica. O petróleo, o gás e a água em demasia são excelentes motivos para que a mídia mostre o que realmente está acontecendo nos países da América Latina. A colonização não terminou! Apenas mudou de mão e de forma. Mas o povo luta para se livrar dela!
Se em meios comerciais notícias que mostrem a luta contra a opressão não seriam publicadas, meios alternativos podem jogar luzes em fatos que não trespassam a peneira do mercado. Sem o compromisso com um patrocinador, a liberdade de divulgação é plena. O único controle que pode ser exercido é pelo leitor, através de contribuições e o retorno dado através de e-mails ou correspondência.
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Muito obrigado,
Daniel Fleming
Aluno da Escola de Jornalismo Autêntico de 2004.
Campinas, Brasil